Resenha | As duas vidas de Lydia Bird, de Josie Silver

 O que você faria se descobrisse uma realidade alternativa onde a pessoa que você mais ama continua viva?

Lydia está passando por um momento delicado em sua vida após ter perdido seu marido. Juntos há mais de uma década e meses de dar mais um passo em suas vidas, ela não esperava perdê-lo, ainda mais no dia do seu aniversário.

Precisando reescrever sua história sem Freddie, ela passa a tomar uma pílula cor-de-rosa para ajudá-la com a insônia, mas quando a toma, ela “embarca” em uma realidade diferente, em um mundo onde ela recebeu a oportunidade de viver o futuro que lhe foi roubado.

E é nesse momento que as duas realidades de Lydia começam a entrar em conflito e ela precisará tomar as melhores decisões para a sua vida.

Começo dizendo que essa não é uma obra de romance!

“As duas vidas de Lydia Bird” é um livro que pode conter gatilhos, principalmente por retratar de assuntos como luto, a superação dele, em como, muitas vezes, preferimos escapar do mundo real a enfrentar a dura realidade.

Esse é um livro onde vivenciamos as duas realidades e personalidades de Lydia Bird, entendemos seu sofrimento, seus dilemas e a maneira que ela decidiu lidar com tudo isso. 

Intercalada entre “acordada” e “dormindo”, a leitura segue de maneira linear. Não existem grandes acontecimentos ou revelações. Apenas uma mulher enfrentando seu luto, buscando maneiras de ainda manter o seu marido vivo e deixando um pouco de lado tudo que construiu nos últimos tempos.

A Josie Silver soube como relatar muito bem o processo que a personagem enfrentou, afinal, cada pessoa lida com o luto da sua própria maneira. Para Lydia, tomar as pílulas era uma maneira de enfrentá-lo — pelo menos foi por um bom tempo.

Porém, apesar de gostar de livros que retratam temas como esse e a superação, ainda assim, senti que nessa obra o escape da personagem era através dos remédios, me fazendo questionar se isso não poderia gerar gatilho para quem está passando por algo similar.

Então a minha dica é que se você perdeu recentemente uma pessoa amada, não leia esse livro. É uma história que pode até gerar identificação em alguns momentos, mas também pode trazer gatilhos.

Além do que já foi citado, em alguns momentos senti que muitos pontos foram explorados sem tanta necessidade e outros foram deixados de lado. A autora poderia ter detalhado um pouco mais da vida de Lydia acordada e como estava seus sentimentos de verdade.

A proposta de “as duas vidas de Lydia Bird” é realmente boa. A obra atende aos requisitos de trazer uma jornada de processo de cura, superação e recomeço, além de proporcionar algumas reflexões ao longo dos capítulos, mas não me conquistou totalmente. Porém, gostei de conhecer a trajetória da personagem e como tudo desenrolou em sua vida.

Título original: The two lives of Lydia Bird
Escritora: Josie Silver
Editora: Bertrand Brasil
Páginas: 364
Ano: 2024
Gênero: drama
Classificação: +17

SINOPSE
Para Lydia Bird e Freddie Hunter, o amor que tinham um pelo outro era indestrutível e a vida sorria para eles. Juntos há mais de uma década e a meses de dar o grande passo, o casamento, eles não contava que o destino pudesse separá-los de forma tão trágica.

No aniversário de vinte e oito anos de Lydia, Freddie sofre um acidente de carro fatal, e o que era uma linda história de amor acaba se tornando a história de uma única pessoa: a triste história de Lydia Bird.

Se vendo em uma vida sem Freddie, Lydia mergulha de cabeça no luto e se afoga em melancolia e depressão. Ela está afastada do trabalho, e sua vida se resume a passar o dia inteiro deitada, de pijamas, e chorando. Além disso, Lydia não fala com Jonah, seu amigo e melhor amigo de Freddie, a quem ela culpa pela morte prematura do noivo. A única coisa que ainda parece manter Lydia neste mundo é a presença da mãe e da irmã, Elle.

Tudo começa a mudar quando um dia, por conta de uma pílula cor-de-rosa que aparentemente ajudaria Lydia contra a insônia, ela vai para um mundo, o mundo adormecido. Lá, Lydia descobre uma realidade extraordinária: seu noivo ainda está vivo, e ela recebeu a oportunidade de viver o futuro que lhe foi roubado, um futuro ao lado de Freddie. No entanto, embora esse mundo adormecido pareça ser um mar de rosas, Lydia ainda tem sua vida no mundo acordado, e começa a descobrir que a vida após o luto é perfeitamente capaz de existir, com direito até mesmo a um novo amor.

Vivendo duas realidades ― e duas personalidades ― ao mesmo tempo, Lydia sente o preço físico e emocional a ser pago e se vê inevitavelmente obrigada a escolher entre uma delas. Embora a vida adormecida ofereça a Lydia viver ao lado de Freddie, tudo o que ela sempre quis desde a morte do noivo, ela agora tem, na vida acordada, uma nova realidade ao lado da mãe, de Elle, dos colegas de trabalho, de seu gato, Turpin, e, principalmente, de um novo amor que pode fazê-la decidir ficar definitivamente.