Resenha | A história que nunca contei, de Kimberly Brubaker Bradley

quarta-feira, 30 de agosto de 2023

Como lidar com os traumas da infância? Como lidar com todas as consequências que isso acarretou na sua jornada? É o que vamos acompanhar através das páginas de "a história que nunca contei".

Kimberly Brubaker Bradley


Aqui vamos conhecer as irmãs Della e Suki, que sempre estiveram juntas nos momentos mais difíceis da vida, tentando enfrentar cada acontecimento de cabeça erguida e ultrapassar todos as barreiras que esses problemas causaram.

Quando a mãe delas foi precisa, Clifton, o namorado da mãe, as abrigou por muitos anos. Como são menores de idade, elas não tinham para onde ir. Só que ao longo desses anos, um acontecimento extremamente marcante muda a vida delas e elas não têm outra opção a não ser fugir.

Amparadas por Francine, mãe de acolhimento, ela fará o possível para essas irmãs. Enquanto Suki é a mais velha e tenta fazer o possível para proteger a caçula, ela enfrenta muitos problemas sozinha e não compartilha sobre suas marcas do passado com ninguém.

E é quando no meio de avalanche de acontecimentos, a história começa a desenrolar, trazendo a tona inúmeras consequências dos traumas que sofreram.

Histórias com narrativa feita por uma criança já me conquista logo de cara! Apesar de toda dor e sofrimento que a mesma é capaz de proporcionar, ainda assim gosto de ver como há inocência por trás das páginas. Gosto de ver que mesmo nos dias mais nublados, elas são capazes de encontrar uma frestinha com raio de sol.

"A história que nunca contei" é aquele livro que mexe com todas as nossas emoções. É um livro narrado em primeira pessoa, na perspectiva da Della, e ele vai desenrolando aos pouquinhos, envolvendo o leitor na trama, até apresentar os momentos de deixar o coração em diversos pedacinhos.

Nos primeiros capítulos vamos presenciando duas irmãs lidando com as consequências das atitudes que sua mãe tomou. Elas não podem morar sozinhas, então precisam contar com a ajuda de terceiros e uma da outra para não desmoronarem em um momento tão difícil do qual estão enfrentando.

Morar com pessoas desconhecidas é um grande desafio e não tem como imaginar o que pode acontecer. Então elas tentam fazer o possível para não desagradar e Suki aguarda ansiosamente o momento de ter a guarda da sua irmã.

Kimberly Brubaker Bradley

Só que nem tudo é simples. É perceptível o quanto Suki está passando por muitos conflitos e não consegue expor esses sentimentos. Della também tem passado por situações delicadas, até mesmo na escola, mas tenta contornar toda a situação da melhor maneira. Ela não quer ser mais um "peso" para ninguém.

Então nos primeiros capítulos vamos entendendo toda a dor e sofrimento que essas irmãs têm. Só que praticamente na metade do livro em diante, quando descobrimos realmente o que aconteceu na infância dessas garotas, é quando a obra fica ainda mais envolvente e marca profundamente a alma.

A autora Kimberly Brubaker Bradley soube como explorar muito bem cada pedacinho desse acontecimento. Não é algo fácil. É algo que causa um embrulho no estômago; que dá vontade de entrar nas páginas para resolver todas as questões e proteger as crianças de todo o mal do mundo. Mas é algo que mostra uma realidade que muitas vezes desconhecemos.

É isso que gosto na escrita dela, sabe? Desde quando li suas outras obras — "a guerra que salvou a minha vida" e "a guerra que me ensinou a viver" —, já fiquei envolvida com a sua forma de apresentar temáticas delicadas e importantes. E agora, lendo "a história que nunca contei", percebi o quanto ela sabe explorar esses assuntos impactantes e a importância de seres retratados na literatura.

Então, apesar de toda a angústia e situações que as personagens viveram ao longo de suas vidas, ainda assim é uma história que vale a pena ser lida. É um livro que, sem dúvidas, tem muito para ensinar.


Kimberly Brubaker Bradley
Título original: Fighting words
Escritora: Kimberly Brubaker Bradley
Editora: Darkside
Páginas: 240
Ano: 2022
Gênero: drama
Classificação: +17

SINOPSE
Ligadas pelo amor e pelo trauma, Della e Suki sempre estiveram juntas nos momentos mais difíceis que enfrentaram ao longo de suas breves vidas: quando a mãe delas foi presa, quando Clifton, o namorado da mãe, as abrigou e quando esse mesmo namorado fez algo horrível e elas tiveram que fugir. Sendo mais velha, Suki sempre protegeu sua irmã mais nova, de apenas dez anos. Mas e quem protege Suki?

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