Resenha | Água fresca para as flores, de Valérie Perrin

sexta-feira, 24 de fevereiro de 2023

Você já leu alguma obra que se passa no cemitério que não seja de suspense e nada do tipo, mas sim, de uma história marcada de dor e sofrimento, e, acima de tudo, de um amor que perdura? Exatamente essa sensação que "água fresca para as flores" é capaz de relatar em cada virar de página.

Valérie Perrin


Aqui vamos conhecer Violette Toussaint e sua vida é marcada por confidências, pois todos os dias ela presencia diversas pessoas que vão até o cemitério prestar homenagens aos entes queridos, relatar a saudade que sente, como a vida tem seguido após a pessoa ter partido.

Só que além disso, Violette é a zeladora do cemitério e sua casa também funciona como um abrigo, um lugar onde as pessoas se sentem confortáveis em compartilhar memórias, risadas e até mesmo lágrimas. 

Uma vida um pouco peculiar da nossa personagem principal, né? E em sua pequena equipe de coveiros e o padre da região, ela sente que tem a sua família; sente que está em casa. Só que a pergunta que não quer calar: como ela chegou a esse mundo? Como sua vida se transformou dessa forma?

E ao longo de cada capítulo, o leitor vai vivenciando cada passo da vida da Violette. Com quase cinquenta anos, uma infância conturbada, um marido desaparecido e feridas profundas que parecem que nunca serão cicatrizadas, mas que encontra conforto ali, no pequeno cemitério e entre as flores.

Intenso. Doloroso. Marcante. Essas são as três palavras que descrevem perfeitamente "água fresca para as flores".

Desde quando soube do lançamento dessa obra, vi inúmeros comentários positivos. Diversas pessoas compartilhando suas experiências, contando o quão doloroso o livro é, as lágrimas que causaram... e eu só conseguia pensar em como queria essa obra!

Logo nas primeiras páginas já fiquei bem envolvida com a trama, apesar de começar a entender um pouco da vida no cemitério e entender a escrita da Valérie Perrin. A forma como ela escreve, nos transporta para o passado e presente da personagem como num piscar de olhos.

Isso é um ponto positivo, pois a gente consegue se apegar e entender perfeitamente cada detalhe da vida de Violette e em como as coisas aconteceram em sua jornada para que ela vivesse como vive hoje. E isso é realmente marcante.

Nossa personagem principal passou por muitas coisas em sua vida, desde uma infância conturbada, até algo que mudou drasticamente sua jornada e ela nunca mais encontrou motivos para seguir em frente (sinto meu coração apertadinho só de lembrar do motivo por trás de toda a história).

Então sabe todas aquelas emoções que citei acima? Agora entendo perfeitamente. Não foi um livro que me causou lágrimas, mas fiquei chocada com alguns relatos dos quais eu realmente não esperava e meu coração também ficou partido em outros. Acontecimentos que mudaram completamente a vida de Violette e de todos à sua volta.

Muitas vezes, tudo o que nos resta, são as lembranças. 

São elas que nos motivam em muitos momentos e nos ajudam com os próximos passos. O luto é um processo difícil, doloroso e que cada um age de um jeito e no seu tempo, então as memórias são o conforto que precisamos para dias nebulosos.

"Água fresca para as flores" é um livro com uma enorme carga emocional, que vai te transportar para o passado e presente de Violette e te causar uma avalanche de sentimentos. Um livro impactante, marcante, sensível, onde vai mostrar uma história de amor, perda, redenção e que vale cada virar de página.


Valérie Perrin
Compre na AMAZON

Título original: Changer l'eau des fleurs
Escritora: Valérie Perrin
Editora: Intrínseca
Páginas: 480
Ano: 2022
Gênero: drama
Classificação: +16

SINOPSE
Os dias de Violette Toussaint são marcados por confidências. Para aqueles que vão prestar homenagens aos entes queridos, a casa da zeladora do cemitério funciona também como um abrigo diante da perda, um lugar em que memórias, risadas e lágrimas se misturam a xícaras de café ou taças de vinho. Com a pequena equipe de coveiros e o padre da região, Violette forma uma família peculiar. Mas como ela chegou a esse mundo onde o trágico e o excêntrico se combinam?

Com quase cinquenta anos, a zeladora coleciona fantasmas ― uma infância conturbada, um marido desaparecido e feridas ainda mais profundas ―, mas encontra conforto entre os rituais e as flores de seu cemitério. Sua rotina é interrompida, no entanto, pela chegada de Julien Seul, um homem que insiste em deixar as cinzas da mãe no túmulo de um completo desconhecido. Logo fica claro que essa atitude estranha está ligada ao passado difícil de Violette, e esse encontro promete desenterrar sentimentos há muito esquecidos.

Postar um comentário