Resenha | Anna e o homem das andorinhas, de Gavriel Savit

sexta-feira, 14 de dezembro de 2018

O que você faria se sentisse sozinha no mundo?

Gavriel Savit


Cracóvia, 1939. Anna é apenas uma menininha de 7 anos que fala diversas línguas, principalmente a dos pássaros. Só que num mundo em Guerra, tudo fica perigoso. É quando o seu pai é levado pelos alemães.

Sentindo-se sozinha e não sem saber o que fazer naquele mundo sombrio e frio, Anna vê um homem misterioso, assim como seu pai, um homem no qual começou a seguir e apelidou de “homem das andorinhas”.


"O pai de Anna havia feito o possível para poupá-la do que estava acontecendo na cidade, mas uma guerra é uma guerra, e é impossível proteger para sempre uma criança do mundo." (pág. 18)

Gavriel Savit
Eles não podiam falar os seus nomes verdadeiros, por isso Anna era chamada de “querida” por ele e sempre que possível, ele a alimentava, esquentava e fugiam dos perigos que ali circulavam. O problema que Anna era jovem demais para entender tudo que estava passando por ali: ela sempre questionava o porque estavam fugindo e o porque seu pai não voltava pra ela.

Nessa jornada, Anna e o homem das andorinhas encontram mais um homem que estava solitário. Juntos vão tentar enfrentar as barreiras que a guerra colocou e tentaram sobreviver há tudo que está por vim.


"Há adultos cuja autoridade é uma fortaleza bem estruturada, e outros com uma fachada frágil, frequentemente rebuscada, sem suporte. É tarefa da criança testar essas construções." (pág. 45/46)

💭
Gavriel Savit

Quem me acompanha há um tempo já deve saber que sou apaixonada por histórias ambientadas na Segunda Guerra Mundial, não é mesmo? Tanto é que já indiquei por aqui O Diário de Anne Frank, A Vida em Tons de Cinza, Os Sete Últimos Dias de Anne Frank, O Menino do Pijama Listrado e A Menina que Roubava Livros. Então quando vi a premissa de Anna e o Homem das Andorinhas e no que abordava, eu não pensei duas vezes em ter esse exemplar!

Um ponto que quero ressaltar dessa leitura é a ingenuidade da criança, mas ao mesmo tempo como ela consegue ser “independente” quando as circunstâncias exigem. Vemos Anna enfrentando obstáculos e fugindo da Guerra junto com desconhecidos. É triste ver o que a realidade estava exigindo de apenas uma garotinha. Apesar de ser uma ficção, quantas crianças não passaram por circunstâncias similares naquela época?




"As pessoas são perigosas. E quanto mais pessoas houver em um lugar, mais perigoso ele se torna." (pág. 77)

Gavriel Savit
Devo confessar que a forma como os acontecimentos foram narrados fez com que eu demorasse um pouco para engatar na leitura. O autor Gavriel Savit detalha os ocorridos em forma de parábolas. Foi a primeira vez que li um livro, principalmente ambientado na Guerra, que abordava os temas importantes dessa forma. Ele realmente faz o leitor se prender nesses detalhes, pois caso não seja feito, a história não faz sentido.

Exceto isso (e os capítulos grandes que são apresentados neste livro), a leitura Anna e o Homem das Andorinhas é uma leitura que traz grandes reflexões. Faz você analisar diversas situações e se colocar no lugar da personagem. O que seria de você caso se sentisse sozinha no mundo, sem ninguém por perto? Confiar ou não confiar nas pessoas ao seu redor? Não há escolhas; a única escolha é manter-se viva e longe dos alemães. Mais nada.


"Mas não existe conforto quando o som que substitui o tiroteio é a marcha e o triturar infindáveis do avanço dos exércitos." (pág. 171)

Apesar de ser um livro com uma temática forte como a Guerra, achei que faltou profundidade em alguns acontecimentos e o autor deixou a narrativa um pouco fraca. O motivo pelo qual os personagens se cruzam na história é algo que poderia ter sido mais aprofundado, já que ganham vida no decorrer da narrativa.

Gavriel Savit

Anna e o Homem das Andorinhas não é um livro ruim; ele é diferente dos livros no quais estamos acostumados narrados na visão da Segunda Guerra. Ele, de certa forma, é poético. Apesar dos problemas da Guerra e tudo que envolve, o autor te faz refletir e a ter esperança de dias melhores.


"Mudanças externas não ocorrem sem mudanças internas." (pág. 189)


"As perguntas são muito mais valiosas do que as respostas, e também provocam muito menos destruição à sua frente. Se você continuar a buscar perguntas, não poderá se perder do caminho certo." (pág. 266)


Avaliação: 3,5 ❤
*Adicione o livro no Skoob: Anna e o homem das andorinhas


Título original: Anna and the Swallow Man
Escritor: Gavriel Savit
Editora: Fabrica231
Ano de publicação: 2016
Páginas: 272

Gênero: Guerra mundial 


SINOPSE
Cracóvia, 1939. Anna tem apenas sete anos quando seu pai, professor de linguística, é levado por soldados alemães. Ela então encontra o homem das andorinhas, uma figura misteriosa que, assim como seu pai, é capaz de se comunicar em vários idiomas, até na língua dos pássaros. Sem nada a perder, a garota decide segui-lo. Mas num mundo em guerra, tudo se prova muito perigoso. Até o homem das andorinhas.

6 comentários

  1. Oi Fabiana, tudo bem? Eu também me interesso por livros ambientados nessa época histórica, mas sempre fico MUITO emocionada que chega a doer, por isso acabo lendo poucos livros assim e devagar, ainda mais quando envolve crianças. Talvez esse seja mais leve, mesmo em se tratando de Segunda Guerra Mundial. Esperança é o que restava naquela época, que tristeza.
    Beijos, Adri
    Espiral de Livros

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  2. Olá Fabiana tudo bem?
    Adorei sua análise e ,de fato, fiquei um pouco triste quando percebi através da resenha que o autor se perdeu um pouco por conta da falta de aprofundamento de certas situações.
    Infelizmente essa tem sido a marca de nosso tempo ,quando o principal ponto tem sido destacar a fluidez da narrativa, o que muitas vezes significa uma leitura que não exige para para analisar aquilo que está sendo lido ou porque o autor deixou tudo mastigado -e portanto perde esse gosto por imaginar aquilo que isso autor quis dizer -ou por ter sido tão superficial que não requer análise e aí. ..se perdem premissas maravilhosas por falta de aprofundamento.

    Seja como for,assim que possível, vou conferir a dica .
    Obrigada.

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  3. Olá,não conhecia o livro mais me interessou pois tem a segunda guerra presente na historia e isso me interessa muito dica anotada

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  4. Uma pena o livro nao ter se aprofundado da maneira que deveria, acho que histórias assim, mais do que qualquer outra, merecem certo detalhamento. Nao conhecia o livro e adorei sua resenha.

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  5. Oi, Fabiana!
    Não conhecia o livro e eu costumo ler poucos livros com temáticas de guerra porque eles costumam me afetar muito. Fiquei curiosa com a premissa e se tiver oportunidade quero conhecer o livro.

    Beijos,

    Rafa - Fascinada por Histórias

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  6. Oi, Fabiana! Não conhecia esse livro, mas preciso dele pra ontem, estou encantada com a história, amei ler a sua resenha e a sua opinião!!!

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